Notícias mostram que o Metaverso está se consolidando no mercado e promete uma nova maneira de se relacionar com o mundo.
Na semana passada foi noticiado que o jogador Neymar desembolsou cerca de 6,2 milhões em NFT, uma semana depois, o cantor Justin Bieber fez o mesmo, pagando a bagatela de 7 milhões.
Por conta desta compra, o assunto ganhou destaque, porém, um pouco antes, outro tema tem sido bastante falado: o metaverso.
As empresas têm visto o metaverso como um lugar de oportunidades, uma mina de ouro, então vamos entender mais a fundo como funciona e porque ele é uma promessa para o futuro.
Mas o que é o metaverso e tudo que engloba ele? Vamos entender melhor a seguir.
Da ficção para a realidade
Metaverso é uma tendência, porém, não é tão atual como achamos que é. O cinema e a literatura já trataram diversas vezes sobre o assunto, Jogador número 1 e Matrix são os mais conhecidos das telinhas. Já na literatura, o subgênero de ficção científica conhecido como cyberpunk, que surgiu na década de 80, foi usado para falar sobre o mundo virtual.
O nome Metaverso foi usado pela primeira vez em “Snow Crash”, um livro publicado em 1992 do escritor Neal Stephenson. Este autor, mais conhecido pela obra “A invenção de Hugo Cabret”, é conhecido por escrever obras de ficção especulativa, ou seja, que especula sobre mundos diferentes dos reais.
Neste livro, chamado de “nevasca” na versão brasileira, conta a história de Hiro, um entregador de pizza, e sua versão no metaverso é a de um samurai que luta contra um vírus que ameaça hackers de todo o mundo.
O trecho a seguir mostra a origem da palavra na história de Stephenson: “Então Hiro na verdade não está ali. Ele está em um universo gerado por computador que seu computador está desenhando em seus óculos e bombardeando para dentro de seus fones de ouvido. Na gíria, este lugar imaginário é conhecido como o Metaverso. Hiro passa um bocado de tempo no Metaverso”. (Cap 3)
A ideia do metaverso é o que estas obras mostram, a representação do mundo real no mundo virtual, de forma realista e coletiva (tirando a parte do terror e fantasia). É uma realidade aumentada.
Vamos pensar em um exemplo elucidativo, Imagine que você está sozinho em casa, coloca um óculos de realidade virtual mais fones e sensores, pronto, você está inserido em uma reunião com avatares 3D e outras pessoas do seu trabalho. Seria como as reuniões que estamos fazendo durante a pandemia, mas você vai achar que está presencial, junto das outras pessoas.
Você também pode passear em ambientes virtuais como shoppings, fazer compras, e por aí vai.
A jornalista do The Wall Street Journal, Joanna Stern, fez uma experiência e passou 24 horas no Metaverso. Joanna teve um dia comum, foi a um parque, tomou café em Machu Picchu, trabalhou e teve uma conferência virtual, e por fim, fez uma meditação guiada, tudo sem sair de dentro da sua casa. Se você quiser conferir como foi a experiência da jornalista, clique aqui para ver o vídeo completo (em inglês).
Muito além dos games e das criptomoedas
Quando essa tecnologia surgiu, se aproximou mais do contexto dos games e dos apaixonados pelas criptomoedas, mas ao se propagar, acabou atraindo a atenção das empresas, se tornando uma ferramenta promissora.
Mas como essa ferramenta pode ser promissora?
Um exemplo é o município de Uberlândia, que foi o primeiro a realizar uma reunião de trabalho no metaverso, essa iniciativa partiu da prefeitura e, de acordo com eles, foi a primeira reunião da história dentro do metaverso.
Mas o metaverso vai muito além de uma reunião online com avatares. Empresas como Boeing, Nike, Gucci, dentre outras, já tem um pezinho no meta.
A migração destas empresas para a realidade virtual se deve a dois fatores: o posicionamento e o financeiro. Para o posicionamento, temos a inovação, afinal, qual empresa não quer inovar? Na parte financeira, temos os NFTs, que diga-se de passagem, não são baratos, lotes e tudo que puder ser monetizado.
Revistas no ramo da moda também estão colocando os seus pézinhos aos poucos no metaverso, começando pelos avatares. Shudu é uma personagem digital 3D e junto com outras como Daisy Candy e J-YUNG, estão sendo os rostos de campanhas, como é o caso da Hyundai. Shudu já apareceu em revistas como Vogue, Elle dentre outras do ramo da moda.
Uma grife de luxo em 2019 passou a comercializar vestuários como calças, blusas, botas etc que não existiam no mundo físico e foi assinado pelo diretor artístico e estilista Nicolas Ghesquère.
No Brasil, temos um exemplo parecido, que é a Magalu, a personagem do Magazine Luiza, que dá imagem e voz à empresa, ela começou tímida, lá em meados de 2003, sendo apenas um robô que ajudava no e-commerce da empresa.
Isso significa que nas próximas décadas novos empregos irão surgir ou se solidificar por conta do metaverso. Os desenvolvedores e engenheiros serão os mais requisitados, lembrando que estas profissões já estão em alta atualmente.
Além destas carreiras em ascensão, outras como planejador, que tenha olho para identificar oportunidades do mercado, que conheça marketing e gerenciamento, também serão fundamentais.
Second life e os primórdios do metauniverso
O second life foi criado em 2003, há quase 20 anos e já possuía o protótipo de uma simulação da vida real.
A popularidade não foi tão grande, pois se limitou a um nicho específico, além de envolver dinheiro real e sexo, por esse motivo era proibido para menores.
A tecnologia parecia um jogo, porém, era a ideia do metauniverso que conhecemos hoje, com lojas para se gastar dinheiro real. O principal produto era a customização de avatares. Outra semelhança eram os terrenos vendidos dentro da plataforma, como acontece hoje.
O que podemos esperar para o futuro
O metaverso é um conceito, mas paradoxalmente também já é uma realidade, e está movimentando milhões, tanto que a Microsoft e a Meta (antiga Facebook) já estão investindo para que os próximos anos os ambientes virtuais estejam mais acessíveis, com a fusão do digital e o físico.
Se durante a pandemia o trabalho 100% remoto ou híbrido já era tendência, com os avanços tecnológicos e o mundo virtual cada vez mais próximo de representar o real, o futuro promete reuniões e ambientes de trabalho totalmente conectados ao metaverso de forma hiper real.
Além do trabalho remoto, outra promessa são as compras, empresas estão investindo cada vez mais em produtos digitais, e uma destas apostas são os shoppings e fábricas do futuro, como a BMV já vem ajudando a NVIDIA para tirar essa ideia do papel.
Por falar em NVIDIA, os jogos são os primeiros a apresentar este novo mundo, como vimos em Second Life (apesar de nãos ser propriamente um jogo) e Minecraft, além da comercialização de skins que são feito há décadas, muito antes da grife de luxo Louis Vuitton comercializar roupas como vimos no início desta matéria. Esta indústria de games, a queridinha da geração Z, tem uma movimentação com nada mais nada menos que 300 bilhões de dólares, ultrapassando a indústria do cinema e da música juntos, isso mostra que neste rio tem peixe ou nesse universo tem pixel.