Números do Serasa revelam que 5,1 milhões das empresas brasileiras estão negativadas. Ao todo, elas devem mais de R$ 119,2 bilhões. Em média, elas têm 11 dívidas em um total de aproximadamente R$ 23 mil. Nem sempre os motivos são poucas vendas ou contratos fechados e, sim, uma má administração financeira.
A gestão financeira eficiente busca tornar positivos os resultados da empresa, mas encontra desafios, que exigem ações pontuais ou de médio e longo prazos. Entenda agora quais são esses desafios e quais medidas tomar para contorná-los. Confira!
1. Assegurar que administração financeira sirva a um propósito
A administração de empresas, tanto na teoria como na prática, deve ser direcionada a metas, que atendam às necessidades dos clientes e do negócio. Nesse contexto, é preciso reavaliar pontos como:
- o valor agregado de produtos e serviços;
- confiança dos envolvidos;
- os meios de controle e métricas;
- papéis de liderança;
- controle do faturamento, das contas a receber, a pagar, entre outros números relevantes para o plano de contas.
A gestão financeira pode ajudar a definir os indicadores mais importantes – Key Performance Indicators (KPI) — e orientar decisões para alcançar números melhores. Administrar significa evitar o acúmulo de problemas e medir resultados constantemente é parte essencial desse esforço contínuo.
Muitas empresas andam em círculos e encontram dificuldades para crescer porque não definem prioridades, ou mudam de prioridades constantemente. Definir um norte e seguir firme em uma direção, ainda que mantendo a abertura para corrigir o rumo, é fundamental para competir e prosperar.
2. Lidar com as mudanças fiscais
Além de uma alta carga tributária, o Brasil é conhecido pela burocracia. A legislação tributária daqui é dividida entre federal, estaduais e municipais, sem contar as frequentes alterações nas leis criadas por essas três esferas.
Um exemplo está relacionado ao ICMS, de modo que, por ano, são publicadas mais de 5.000 normas. As regras mudaram recentemente de modo que a partir de 2019 esse imposto estadual será cobrado apenas na UF de destino da mercadoria, e não mais no Estado de origem, como costumava ver.
Ocorre que não existe um banco de dados para que os setores financeiros das empresas lidem com a publicação das leis. O cenário desolador exige três coisas: pesquisa, paciência e investimento (seja de tempo ou recursos) na atualização de processos e nas equipes responsáveis pelos cálculos tributários, bem como o acompanhamento periódico do impacto das mudanças no negócio.
Gestores financeiros competentes acompanham não apenas as mudanças nas regras, mas também o desenvolvimento da própria empresa. Isso permite a eles fazerem recomendações sobre a mudança do regime tributário e outras práticas de elisão fiscal — pagar legalmente menos impostos.
Essas recomendações podem ser motivadas por mudanças no perfil dos clientes ou na oferta de bens e serviços do negócio.
3. Levantar as informações corretas
O bom andamento dos processos relacionados à administração da companhia depende de informações relevantes, bem como de sua análise. Daí a necessidade de controlar todos os rendimentos/dividendos, gerar relatórios financeiros e analisá-los — o que vai ajudar na tomada de decisões.
Com esses dados, a gestão terá mais segurança em determinar o momento ideal para fazer investimentos, quais os setores que podem exigir redução nos custos (ou realocação deles), entre outros pontos. Essa solução permitirá tomar decisões mais pautadas em relação àquelas baseadas no feeling empresarial, as quais são mais suscetíveis a erros.
Decisões baseadas em dados, além de serem mais eficazes, podem ter seu impacto medido de forma mais precisa. Isso permite identificar o que dá mais certo e quais eventuais correções de rumo devem ser tomadas.
4. Acompanhar os avanços da tecnologia
Independentemente do segmento, as empresas estão envolvidas com inovação, em especial nas atividades relacionadas aos processos internos, ao marketing, à produção, às finanças e às tributações. Essas duas últimas exigem uma atenção maior no que concerne à implementação e ao desenvolvimento.
Ferramentas, como ERP, CRM, de Business Intelligence, Big Data, entre outras, fazem parte do cotidiano das empresas, permitindo uma melhora na eficiência e na qualidade de seus processos. Ao mesmo tempo, exigem aprendizado e acompanhamento para que o negócio não usa aplicativos obsoletos.
5. Fazer uso eficaz da tecnologia
A utilização de novas tecnologias traz grandes vantagens para a empresa que quer acelerar o crescimento e otimizar resultados. Entre elas estão os softwares de gestão como os do tipo ERP.
Um ERP (Enterprise Resource Planning) é um programa que integra em tempo real os dados produzidos pelos diferentes setores do negócio, da aquisição de matéria-prima ao SAC, passando pelos setores de compras, estoque, contabilidade e assim por diante. Entre seus benefícios estão:
- integração de áreas: todos os departamentos passam a falar a mesma língua e tem acesso aos mesmos dados. Fica mais fácil saber como o trabalho de um setor tem impacto no outro, e onde estão possíveis gargalos;
- organização de informações: os dados produzidos pelo negócio estão sempre atualizados e numa única plataforma. Localizar o preço cobrado por um produto ou saber se certa mercadoria chegará a tempo no estoque pode ser feito em poucos segundos;
- segurança dos dados: com informações protegidas e arquivadas em um servidor externo (“nuvem”), a empresa reduz o risco de perder dados sensíveis e valiosos antes espalhados em diferentes mídias e planilhas, bem como ganha um backup poderoso;
- trabalho remoto: o ERP pode ser acessado de qualquer dispositivo com acesso à internet, facilitando a cooperação entre as equipes e permitindo que um profissional acesse o sistema durante um almoço de negócios ou em uma viagem corporativa;
- ao reduzir a oportunidade para erro humano e garantir a padronização nos processos, o negócio organiza melhor seu fluxo de caixa, diminui os retrabalhos, e ganha em tempo e produtividade para identificar formas de cortar custos e gerar melhores resultados.
6. Entender as mudanças no comportamento do consumidor
Todos os dias surgem tendências, sub-nichos e inovações, mas a qual delas se prender? O empreendimento deve manter o foco no tradicional ou ampliar o leque de opções na chamada cauda longa, buscando se atualizar?
Independentemente da escolha, é importante frisar que vivemos em tempos de avanços sociais e tecnológicos que influenciam no comportamento do consumidor. Boa parte do processo de compra é feito antes de ele entrar em contato com você, uma vez que já pesquisou, comparou preços e condições.
Daí a necessidade de acompanhar o seu público de perto, tendo em vista que muitos fatores permanecem os mesmos. Por exemplo, ele ainda vai precisar de recomendações para a compra, por isso pesquisa nas redes sociais, em reviews nos perfis dos influenciadores digitais, em blogs, sites de reclamação e em tudo mais que for necessário. Empresas que gerenciam ativamente avaliações online estão um passo à frente da concorrência para conquistar mais clientes e zelar pela própria marca.
Todas essas mídias têm muito a dizer à administração financeira, pois auxiliam não só no entendimento do consumidor, como também na identificação de gargalos na jornada de compras, na estratégia de múltiplos canais de vendas, entre outros pontos importantes para a empresa.
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